Graças à inclusão das mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas, o papel feminino na sociedade vem sendo redesenhado, dando mais poder às mulheres sobre suas próprias vidas. Segundo dados da empresa global de pesquisa de mercado Euromonitor International, entre 2007 e 2016, o número de mulheres estudando em nível superior aumentou mais que o crescimento da população feminina na maioria dos países latino-americanos, como Brasil, Argentina, Chile, México e Costa Rica. Além disso, a taxa de fertilidade na região caiu de 3,6 filhos por mulher para 2,1 entre 1987 e 2016, indicando uma forte mudança na maneira como as mulheres planejam suas próprias vidas.
Todos esses fatores indicam um cenário de empoderamento feminino que vem abrindo oportunidade para que mulheres de todas as faixas etárias, estados civis e estilos de vidas se tornem público forte para a indústria de turismo. Segundo sondagem realizada em janeiro de 2017 pelo Ministério do Turismo do Brasil, 1 em cada 8 brasileiras que demonstraram intenção de viajar dentro dos próximos seis meses manifestou intenção de viajar sozinha. Em números, são quase 3 milhões de mulheres – o equivalente à população inteira de Cali, cidade da Colômbia – que devem pôr o pé na estrada sem a companhia de cônjuges, familiares ou amigos próximos. Na maioria dos casos, são mulheres em busca da liberdade de fazer seu próprio itinerário e da oportunidade de usufruir de uma experiência singular e pessoal. Para o turismo, essa nova demanda de turistas do sexo feminino significa uma grande oportunidade para oferecer serviços personalizados. Mas, também traz consigo alguns desafios.
Uma das principais preocupações das mulheres viajando solo é a própria segurança. Muitas delas reportam checar frequentemente as avaliações de destinos e acomodações em sites como TripAdvisor, Hostelz e Oysters para garantir que os locais ofereçam segurança. Solicitar GPS ao alugar um carro também é outra prática característica da turista mulher viajando sozinha, para evitar o risco de estar perdida numa localidade desconhecida e à mercê de ajuda de estranhos. Mas nem todas as viajantes mulheres preferem viajar sozinhas. De olho nisso, a agência de viagens brasileira ‘Mulheres Pelo Mundo’, por exemplo, conecta mulheres que buscam a companhia de outras mulheres para viajar num apelo forte à conveniência.
Nos próximos anos, o aumento da idade média das mulheres no primeiro casamento e a queda no número de filhos por mulher, devem se consolidar como reflexo da independência feminina na maioria dos países latino-americanos. Com o empoderamento das mulheres reforçando sua importância, esse grupo populacional se consolidará como um público relevante para a indústria de turismo.