Globalmente, foram vendidas 133 milhões de toneladas de pães em 2016, tornando a categoria a segunda mais consumida dentro de alimentos, perdendo somente para os leites. Embora a categoria de pães esteja estagnada (apresentando crescimento médio de 0,4% ao ano entre 2011 e 2016), ela é o produto final de muitos ingredientes, portanto, qualquer mudança em volume de consumo na categoria causa grandes repercussões na indústria de ingredientes.
Mercados emergentes: o pilar de crescimento
Embora a Europa Ocidental ainda seja a região onde mais se consome pães (com 36,2 milhões de toneladas vendidas em 2016), é também a região cujo declínio de vendas deverá continuar a uma taxa média de -0,1% ao ano até 2021. Na Europa e em outras regiões desenvolvidas, há um claro movimento de rejeição ao tradicional pão fermentado e embalado, com consumidores eliminando-o completamente ou então optando por pães artesanais, percebidos como mais saudáveis.
Por outro lado, um forte crescimento de vendas vem de regiões emergentes onde o pão embalado ganha popularidade à medida que os consumidores dão prioridade ao sabor do alimento e à conveniência de consumo. Na China, por exemplo, espera-se um crescimento média de 3% até 2021. A indústria panificadora é tão dependente dos mercados emergentes que os dez países que apresentam as maiores taxas de crescimento, tanto no passado quanto futuro, estão localizados na Ásia, Oriente Médio ou África.
Fonte: Euromonitor International
Uma quebra na tradição
Embora o crescimento absoluto de vendas venha de regiões emergentes, mercados desenvolvidos também oferecem oportunidades uma vez que tendências relacionadas à saudabilidade exigem o desenvolvimento e uso de novos ingredientes.
Pegue como exemplo o aumento da demanda pelo pão “sem trigo” e o desejo dos consumidores em reduzir a quantidade de carboidrato consumida. Essa tendência vem aumentando a demanda por grãos (como amaranto, quinoa e milho) e sementes (como chia e linhaça), normalmente adicionados ao produto para aumentar o teor de fibra ou proteína. O crescimento da marca americana de pães orgânicos, Dave’s Killer Bread (comprada pela Flower Foods por USD 275 milhões em 2015) incorpora essa tendência. A marca - que continua a experimentar com diversos grãos, farinhas e sementes - apresentou um crescimento médio anual recorde de 29% entre 2011 e 2016.
Fonte: Euromonitor International
O nível de conhecimento do consumidor sobre as diferentes opções de pães sem glúten nunca foi tão alto como hoje, explicando o crescimento anual de 19% da categoria entre 2011 e 2016. Entretanto, o consumo continua ainda pouco relevante quando comparado ao consumo total de pães, chegando, ao máximo, a 0,5% em somente nove países (todos na Europa Ocidental). Isso acontece, em partes, pois há uma reticencia por parte da maioria dos fabricantes em investir em inovação uma vez que as fabricas precisam ser completamente adaptadas a fim de garantir completa ausência de alérgenos. Sem conseguirem se comprometer com tal investimento, os fabricantes buscam parcerias com fabricantes menores para a produção de produtos sem glúten.
O futuro do pão está na experimentação
T odos os mercados variam no tipo de pão dominante. Porém, o que está claro é que o tradicional pão branco não é mais o que todo consumidor quer. E isso tem um impacto gigantesco na demanda por ingredientes. Os fornecedores precisam ouvir os consumidores para entender a demanda especifica de um local; é preciso entender o gosto, o frescor e a conveniência buscada por eles. Os fornecedores têm em suas mãos o poder de realizar mudanças oferecendo novas farinhas, grãos e fibras, porém, o sucesso de cada produto dependerá ainda de fatores mais tradicionais, como gosto, preço e escala de produção.